domingo, 22 de fevereiro de 2015

Refrigerantes Serra D´Ossa


Refrigerantes Serra D´Ossa

A Fábrica de Refrigerantes Serra D´Ossa (famosos pirolitos!)
 

A empresa de refrigerantes Serra D´Ossa, foi criada em Redondo e destinava-se, como o seu nome indica, à produção de bebidas refrigerantes em que a matéria prima das mesmas era a água da  Serra D´Ossa a qual, mercê das obras de canalização levadas a cabo entre 1897 e 1903, era então a fonte de abastecimento de água da vila.
 

A empresa foi constituída inicialmente por uma sociedade que integrava quatro sócios investidores, dos quis se destacam dois: Joaquim Brandoa Furtado, o sócio maioritário, e João Martins Barrancos. Este acabou mais tarde por vir a ter uma relação mais próxima com a família Charrua da Silva Botas, posterior detentora da mesma fábrica, através do casamento de uma das suas filhas, Maria Antónia Barrancos, com Eugénio de Sousa Botas, neto de Francisco da Silva Botas.
 

A «Serra D´Ossa» constituiu-se depois de o abastecimento de água ter deixado de ser exclusivamente publico e gratuito, altura em que era feito através de vários fontanários e de um chafariz e passou também a ser privado, domiciliário e taxado. Tudo isto ocorreu a partir de 1928.

Desta forma, já se tornava possível contabilizar e gerir o gasto de água consumida na produção dos refrigerantes, ou seja, qual era o preço da matéria prima.

A fábrica onde deveriam ser produzidos os refrigerantes foi estabelecida, desde o inicio, num espaço situado entre a Travessa dos Valérios e a Rua de Montoito, na vila de Redondo, e ai se manteve desde a sua fundação, ainda pela sociedade inicial, até ao inicio da década de 70, já há muito nas mãos dos Botas.

A primitiva empresa de Refrigerantes Serra D´Ossa começou a ter problemas ainda em 1929, quando a publicidade que fazia propaganda aos pirolitos e que surgia no jornal local Serra D´Ossa, acabou sendo suspensa a partir de Março desse ano. Sem lucros ou deficitária, penosamente e sem solução arrastou a sua existência até ao ano de 1932, quando foi adquirida pela firma Francisco da Silva Botas & C.ª.
Entrava assim a chamada fabrica dos pirolitos na posse da família Botas, na qual ficaria durante cerca de meio século, e iria tornar-se numa grande divulgadora do nome familiar através da incorporação da peça falante de um par de Botas na insígnia empresarial da fabrica.
Com o fim da Francisco da Silva Botas & C.ª deu-se uma mudança na gestão, que deixou de ser colegial, para passar a individual, modelo que se manterá até ao final.
Entre 1964 e 67, durante a  gestão de Francisco Charrua Botas, houve significativas alterações e inovações na produção da fabrica.
Deu-se o abandono definitivo das velhas garrafas dos pirolitos, e a adopção de garrafa de carica, considerada mais higiénica do que as anteriores.
Deu-se também o inicio da produção de laranjada.
As iniciais RSO surgem então sobre o par de botas e por cima da palavra REDONDO.
Este período termina com o falecimento do proprietário e gestor João Francisco Charrua Botas, passando esta função para o filho Eugénio de Sousa Botas.
Eugénio de Sousa Botas procurou dar à empresa um novo dinamismo projectando-a para além do Alentejo.
Em 1970 lançou uma nova bebida chamada Fruti-Sol, numa clara concorrência às produções da Sumol.
O lançamento deste novo produto foi feito durante uma festa organizada pela REFRIGERANTES SERRA D´OSSA que teve lugar na Praça de Touros de Redondo e na qual o ponto alto foi a actuação de Amália Rodrigues e seus guitarristas.
A incapacidade de se manter no mercado, entretanto ocupado por outras marcas, levou a REFRIGERANTES SERRA D´OSSA à falência em 1976, depois de 44anos de existência da mesma fábrica nas mãos dos Botas.
As últimas instalações desta fábrica, as que tinham sido construídas junto à saída para Évora, mais tarde, após a falência, vieram a ser adquiridas pela Adega Cooperativa de Redondo, e são hoje parte integrante da mesma. Com ligeiras alterações, os edifícios mantem a traça exterior original.
Assim terminou um projecto industrial ligado à água, num concelho que tradicionalmente gravita, desde a segunda metade do século XIX, entre os cereis e o vinho.
 
Revista Callipole
Texto: António Rei

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