Refrigerantes Serra D´Ossa
A Fábrica de Refrigerantes Serra
D´Ossa (famosos pirolitos!)
A empresa de refrigerantes Serra
D´Ossa, foi criada em Redondo e destinava-se, como o seu nome indica, à
produção de bebidas refrigerantes em que a matéria prima das mesmas era a água
da Serra D´Ossa a qual, mercê das obras
de canalização levadas a cabo entre 1897 e 1903, era então a fonte de
abastecimento de água da vila.
A empresa foi constituída
inicialmente por uma sociedade que integrava quatro sócios investidores, dos
quis se destacam dois: Joaquim Brandoa Furtado, o sócio maioritário, e João
Martins Barrancos. Este acabou mais tarde por vir a ter uma relação mais
próxima com a família Charrua da Silva Botas, posterior detentora da mesma
fábrica, através do casamento de uma das suas filhas, Maria Antónia Barrancos,
com Eugénio de Sousa Botas, neto de Francisco da Silva Botas.
A «Serra D´Ossa» constituiu-se
depois de o abastecimento de água ter deixado de ser exclusivamente publico e
gratuito, altura em que era feito através de vários fontanários e de um
chafariz e passou também a ser privado, domiciliário e taxado. Tudo isto
ocorreu a partir de 1928.
Desta forma, já se tornava
possível contabilizar e gerir o gasto de água consumida na produção dos
refrigerantes, ou seja, qual era o preço da matéria prima.
A fábrica onde deveriam ser
produzidos os refrigerantes foi estabelecida, desde o inicio, num espaço
situado entre a Travessa dos Valérios e a Rua de Montoito, na vila de Redondo,
e ai se manteve desde a sua fundação, ainda pela sociedade inicial, até ao
inicio da década de 70, já há muito nas mãos dos Botas.
Entrava assim a chamada fabrica
dos pirolitos na posse da família Botas, na qual ficaria durante cerca
de meio século, e iria tornar-se numa grande divulgadora do nome familiar através
da incorporação da peça falante de um par de Botas na insígnia empresarial da
fabrica.
Com o fim da Francisco da Silva
Botas & C.ª deu-se uma mudança na gestão, que deixou de ser colegial, para
passar a individual, modelo que se manterá até ao final.
Entre 1964 e 67, durante a gestão de Francisco Charrua Botas, houve
significativas alterações e inovações na produção da fabrica.
Deu-se o abandono definitivo das
velhas garrafas dos pirolitos, e a adopção de garrafa de carica, considerada
mais higiénica do que as anteriores.
Deu-se também o inicio da
produção de laranjada.
As iniciais RSO surgem então
sobre o par de botas e por cima da palavra REDONDO.
Este período termina com o
falecimento do proprietário e gestor João Francisco Charrua Botas, passando
esta função para o filho Eugénio de Sousa Botas.
Eugénio de Sousa Botas procurou
dar à empresa um novo dinamismo projectando-a para além do Alentejo.
Em 1970 lançou uma nova bebida
chamada Fruti-Sol, numa clara concorrência às produções da Sumol.
O lançamento deste novo produto
foi feito durante uma festa organizada pela REFRIGERANTES SERRA D´OSSA que teve
lugar na Praça de Touros de Redondo e na qual o ponto alto foi a actuação de
Amália Rodrigues e seus guitarristas.
A incapacidade de se manter no
mercado, entretanto ocupado por outras marcas, levou a REFRIGERANTES SERRA
D´OSSA à falência em 1976, depois de 44anos de existência da mesma fábrica nas
mãos dos Botas.
As últimas instalações desta
fábrica, as que tinham sido construídas junto à saída para Évora, mais tarde, após
a falência, vieram a ser adquiridas pela Adega Cooperativa de Redondo, e são
hoje parte integrante da mesma. Com ligeiras alterações, os edifícios mantem a
traça exterior original.
Assim terminou um projecto
industrial ligado à água, num concelho que tradicionalmente gravita, desde a
segunda metade do século XIX, entre os cereis e o vinho.
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