sexta-feira, 10 de julho de 2015

A TUNA



A TUNA
Coleção particular Luís Mocho

 Fotografia histórica no movimento cultural de Redondo, pois representa a TUNA fundada no concelho (1903, informação livro “Das Festas dos Moços ás Ruas Floridas” de José Calado), com alguns anos de existência, mas sem continuidade.

Em baixo sentados
Sousa (Capitão Sousa), Ramires, Alfredo Louro (o da Central Eléctrica), José Felix (O pai do Eng. Ernani Cidade Felix), Paim, Pita (filho do Pe. Pita)

1º plano
Mestre João Coca (o Marceneiro), Isaurindo Queimado, Numa Furtado Louro ( pai do Alfredo Louro), António Coelho Charrua, Mestre Francisco Neves (de olaria), Mestre Francisco Ilhéu (o Marceneiro).

 2º plano
Inácio José Pereira Ramalho, João Felix Pereira (João Felix), João Charrua Botas, Eduardo Vieira, António Faleiro, Mestre Tiago Grenho (de Olaria).


 3º plano
...?..., António Besteiro, Joaquim Numa Furtado, Carvalhinho, João Ramos Faustino, José da Quinta, …?..., Marcos José Charrua, …?.....
 
4º plano
António de Jesus Pires Pita, Mestre Francisco Trocas (de Marcenaria), Tomás Pires, José Hermínio Zorrinho (Professor e ensaiador da Tuna, junto ao estandarte da mesma), Joaquim José Cardoso, José Joaquim Faustino, Oliveira Pires (pai de Hermenegildo José Pires “O Gido”), …?....

 De referir que os nomes aqui apresentados podem não estar corretos.

 Como curiosidade, refere-se que só muitos anos mais tarde, em 1952, se conseguiu reunir uma Tuna com vista às comemorações do 1º de Dezembro (de grandes tradições na vila) de que foi ensaiador o Professor Hermínio Zorrinho (irmão do maestro na Tuna anterior). Com idades compreendias entre os 17 e 18 anos e tocavam bandolim.

Como não conheço documento fotográfico, ficam os nomes dos seguintes componentes, entre outros: José Maria Barrancos, Domingos Costa, Numa Furtado, José Vieira (Pai), José Vieira (filho), Manuel Vieira, Alexandre Zezifredo, Franklim Amaro Cabreirinha, Manuel António de Ascensão Pita, José Arronches, Pedro Molefas, Jerónimo Zezifredo (o cardinal), Manuel Grenho.  

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Convento de S. Paulo da Serra D´Ossa

Convento de S. Paulo da Serra D´Ossa
 
“A que mais se remonta he a serra de S. Gens, levantando-se em tanta altura, que parece que nam tem as nuvens vizinhança mais próxima. (…)
 
Todos estes montes e serras eram antigamente aspérrimos, & incultos, tudo brenhas, & altíssimos matos, & por esta causa erão habitados de muitas feras, que a deixarão de povoar depois que para semearem nellas se principiarão a romper, & ainda há poucos anos se achàrão estevas em huma herdade deste Convento, que medidas tinhão de comprimento vinte & seis palmos… poèm nam he triste a dita montanha, porque supposto consta de tam grandes, & escabrosas terras, comtudo entre humas, & outras se dilatão fertilíssimos vales, que com a frescura, & frondoso dos arvoredos, ainda que sylvestres, se mostrão muy agradáveis, & aprazíveis, principalmente no Estio, porque por uma, & outra parte nascem muitas fõtoes, que acompanhadas com o canto de muitas, & sonoras aves, fazem com o seu ruido consonâncias tam suaves, que suspendem os passageiros, & só a herdades das Cortes, que he granja do Convento da Serra D´Ossa, & lhe fica em distancia de huma legoa, consta que tem setenta & tantas fontes, por cuja causa goza esta herdade da frescura de muitos freixos, da fertilidade de grandes pastos, & do melhor montado, que se acha em todas aquelas partes. (…) Na melhor parte pois, & mais fresca, & aprazível de toda esta serra està fundado o principal Convento dos Religiosos de S. Paulo…”

(COSTA, 1708)

 
 

Cabeça da Congregação dos monges de Jesus Cristo da Pobre Vida, em Portugal, as suas raízes históricas perdem-se na obscuridade dos tempos, entretecidas de piedosas lendas que recuam os seus fundamentos a tempos imemoriais.

Carecem de bases criticas os eventos hagiográficos transmitidos pela Pastoral da Sé de Évora e decorrentes nos anos de 1182 a 1376, assim como a cronologia fantástica de santos e milagres dos anacoretas contidos na Chronica dos Eremitas da Serra D´Ossa, de Fr. Henrique de Santo António e obra publicada entre 1745-52.
 
 
 

As origens históricas incontroversas, pertencem ao ano de 1376, após o Papa Gregório XI ter aprovado a reforma geral do convento, por Bula de Avinhão, que nomeou visitadores do nóvel instituto os bispos de Coimbra e Tuy, respectivamente D. Pedro Tenório e D. João de Castro, religioso que renunciou à cadeira episcopal e se integrou na ordem paulista.

A casa actual, então governada pelo venerável Mendo Gomes de Seabra, a terceira em localização, sucedeu ao conventinho de Santo Antão de Vale do Infante e ao oratório da Valadeira, que se pretende ter sido instituído com o nome de Espírito Santo, por D. Fernão Anes, mestre de cavalaria de S. Bento de Calatrava ou de Évora. Foi D. João I que, em 1390 obteve do Papa Bonifácio IX a isenção dos dízimos das fazendas do Convento e de Gregório XII, entre 1403-1406, a concessão de outras bulas de indulgências plenárias, recomendadas aos bispos de Lisboa, Braga e Évora.
 
 
 

Deste período era o primitivo edifício, do qual foi primeiro prelado João Fernandes e eremitas fundadores Gonçalo Vasques e o ex-cónego da Sé de Évora Gil Martins. Pelo alvará régio, com força da lei, dado em Santarém a 20 de Fevereiro de 1434, ficou sob a protecção real, determinando-se, ao mesmo tempo, que os juízes de Borba não impedissem as obras do mosteiro desviando delas os oficiais de pedraria que, ao tempo se ocupavam com os muros e castelos do Alentejo.
 
 

Integrado em 1536 na Regra de Santo Agostinho, pelo Papa Paulo III, no ano de 1578 concedeu-lhe Gregório XIII, a instâncias do Cardeal Infante D. Henrique, a aprovação da Sagrada Congregação no espírito da letra das ordens mendicantes e outros benefícios espirituais, que Alexandre VII confirmou e ampliou conforme os privilégios outorgados aos religiosos de S. Paulo do reino da Hungria e da Ordem de S. Bruno. São do fim deste século os estudos que impuseram o escorço geral do presente mosteiro, conjunto de obras que sucessivamente modificado e engrandecido, sobretudo a partir do reinado de D. João IV, que muito acarinhou a comunidade, alcançou os seus sucessores imediatos, filhos e netos D. Pedro II, D. João V e D. José I.

A fábrica monumental estava bastante adiantada em 1708, ano em que transladaram para a cripta da igreja, as ossadas de todos os frades enterrados no templo antigo. Muito enobrecido nesta centúria por empreitadas sucessivas a sua sagração, em tempo de D. Maria I, a 1 de Setembro de 1798, foi presidida pelo Bispo de Beja D. Frei Manuel do Cenáculo, no impedimento do arcebispo de Évora D. Fr. Joaquim Xavier Botelho de Lima, sendo reitor da comunidade o pregador jubilado D. Frei Manuel de São Caetano Damásio.
 
 

O templo era muito rico de alfaias sumptuárias e de relíquias sagradas, possuindo uma de S. Paulo, padroeiro e a cabeça de uma das Onze Mil Virgens, muitas das quais haviam sido oferecidas pelo inquisidor D. Fernão de Matos de Lucena, secretário do conselho de Portugal em Madrid, que pretendeu ser seu padroeiro (contestado pelo Duque de Bragança D. Teodósio II) e finalmente o foi da Capela-mor do convento de S. Francisco de Estremoz.
 
 

A casa alimentava 60 religiosos de hábito. Cabeça da sua Província e sede capitular abrigava,  normalmente, o padre geral no repouso das visitações eclesiásticas. Foram seus derradeiros administradores comunitários, os padres: reitor Fr. Joaquim de Santa Teresa; vice-reitor, Fr. José António de Santa Maria Valente; clavário, Fr. Manuel de Santa Clara Lima, e vice calvário, Fr. João das Dores.

Muito visitada pelos duque brigantinos, seus protectores, nela estiveram, também, D. Sebastião em 1577; D. João IV várias vezes; D. Catarina de Bragança, Rainha de Inglaterra, em Dezembro de 1699, e os turbulentos Meninos de Palhavã, desterrados pelo Marquês de Pombal.
 
 
Visita D. Sebastião 1577, tela de artistas anónimos , popular.

O decreto de extinção das Ordens Religiosas, em Maio de 1834, abrangeu o edifício, que esteve encerrado alguns anos até ser vendido pelo estado, em hasta pública, à família Sousa Leitão, de Borba, a qual a alienou c.ª de 1870 a D. Carolina Amélia Fernandes de Torres, casada com Henrique Correia da Silva Leotte, ascendente do actual proprietário, Eng. Henrique Leotte Tavares. Abandonado durante muitos anos, padeceu grave ruina com a total profanação das partes sagradas, e venda do recheio sumptuário do templo e de outras capelas interiores. Todas estas incúrias foram, felizmente, redimidas na actualidade com o restauro dos mais importantes membros arquitectónicos do secular mosteiro, decano dos paulistas portugueses.

Construído numa quebrada da linha meridional da Serra de D´Ossa, em sítio que os antigos designavam de S. Cornélio, envolvido por frondosa mata de pinheiros, aloendros e freixos, o Convento de S. Paulo, apresenta a frontaria alva de caio na sua estrutura de alvenaria do sistema construtivo alentejano e apenas cunhada, no templo, por grossas pilastras de granito aparelhado.
 
 

No seu aspecto mostra a silhueta da grande reforma resolvida pelo Conselho da Ordem, e estando como reitor Fr. João da Conceição, assinalada com notório incremento no verão de 1725 e prolongamento até finais de 1725, onde se gastaram para cima de 300.000 rs., período este assinalado pela oferta de inumerável material de obras, incluindo os guindastes, feita pelo lavrador vizinho Miguel Barbosa.

...

Desde que a herdade e o Convento entraram na posse da família Leotte que se iniciaram os trabalhos de recuperação e restauro, a par com a retoma e desenvolvimento da exploração agrícola, como uma das fontes de suporte das imensas despesas que as obras do Convento exigiam.
Escoou-se o século XIX e metade do século XX até que fosse feita a atual estrada ligando Estremoz a Redondo e passando à entrada do Convento.

O Convento de S. Paulo é hoje em dia um confortável e requintado hotel.

O Hotel Convento de São Paulo foi inaugurado em 25 de Abril de 1993, a despeito de todas as dificuldades que lhe foram postas e do cepticismo corrosivo daqueles que nada tendo feito, nada queriam que se fizesse e nada acreditavam que fosse possível fazer.