sábado, 2 de maio de 2015

As Meias da Aldeia da Serra D´Ossa


As Meias da Aldeia da Serra



A produção artesanal alentejana, como é do conhecimento geral, é extremamente rica e variada (tapeçaria, olaria, buinho, mantas, mobiliário, etc…). No entanto a fama de certos artefactos característicos – entre os quais podemos citar, como grande exemplo, os tapetes de Arraiolos – ampliada nos nossos dias, graças ao seu desenvolvimento do turismo, contrasta com o esquecimento ou total ignorância a que estão votados outros produtos artesanais não menos importantes e que correm o risco de se perderem irremediavelmente.
 
 
 
É o que acontece actualmente com as lindas meias de Aldeia da Serra, pequena localidade nas faldas da Serra D´Ossa, cerca de 10km ao norte da Vila alentejana de Redondo.
 
 
 
As meias da Aldeia da Serra, sobretudo características nos seus motivos decorativos minuciosos e nas suas cores alegres, parece terem sido em tempos um traje, possivelmente domingueiro, das mulheres dessa aldeia.
 
 
 
No entanto, com o aparecimento das meias baratas trazidas pelo desenvolvimento do comércio e tendo em conta o tempo necessário para a sua confecção – cerca de quinze dias – fez com que caíssem em desuso, tornando-se um traje típico que, ainda não há muitos anos, as raparigas usavam por ocasião do Carnaval.
 
Nos tempos que correm, e apesar de existirem na Aldeia pessoas que sabem confeccionar as referidas meias, elas são já apenas produzidas por uma pessoa idosa – setenta e oito anos – que aprendeu a “arte”, quando ainda criança e por transmissão familiar. Viúva e sem outros recursos – além da magríssima pensão da Casa do Povo – a “Tia Lisa”, tal como é conhecida entre os seus conterrâneos, continua assim uma velha tradição que muito provavelmente desaparecerá consigo.
 
 
 
Trabalhando com cinco agulhas e utilizando fio de lã ou fio de algodão (mais barato), cada par de meias representa muitos dias de trabalho minucioso, atenção e esforço visual, normalmente incompatíveis com uma idade tão avançada.
 
 
 
No entanto, refira-se, a casa que em Évora as vende e utiliza como atracção turística, paga por tanto trabalho um preço irrisório…
 
Redondo 1978
Fica a homenagem à Tia Lisa

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