quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

João Anastacio da Rosa

Ilustre artista dramático, nascido em Redondo pelos anos de 1816, e falecido em Lisboa em 1984.
 
Filho de pais humildes, nas horas que o trabalho lhe deixava livres, entretinha-se a desenhar, e tão notáveis tendências revelou para essa arte que uns amigos dos pais se quotizaram para o mandar estudar.
 
 
 
Efetivamente foi para Lisboa, matriculando-se na aula de desenho do Convento de São Francisco.
 
Parece mesmo que os seus protetores projetavam que ele seguisse a vida monástica.
 
Tendo, porém, um conflito com os frades, abandonou o convento, o que o colocou em bem criticas circunstâncias.
Esteve depois na Ajuda, como discípulo do pintor Taborda, e foi valiosamente auxiliado pelo patriarca de Lisboa, Frei Francisco de São Luiz, que era seu patrício.
 
Com a guerra civil teve que pegar em armas e quando a luta findou viu-se com as divisas de Sargento e sem um rumo certo na vida. Pedindo baixa, ganhou o pão de cada dia fazendo retratos.
 
Constando-lhe um dia que na Rua dos Condes se achava um francês, de nome Emílio Doux, que dava gratuitamente lições de declamação, o moço pintor foi procura-lo.
 
Emílio Doux aceitou-o, ensinou-o e reconhecendo-lhe uma decidida vocação para o teatro, principiou a confiar-lhe papéis de importância, o primeiro dos quais foi no drama A Torre de Nesle.
 
O seu destino estava traçado. Rosa foi, daí em diante, o tirano de todas as peças, e tanto gesticulou e gritou, como era costume nesse tempo em que os dramas se representavam aos berros, em atitudes trágicas, que adoeceu de certa gravidade.
 
Arrasado da garganta foi para Cauterets, onde as águas daquela região o melhoraram consideravelmente.
 
Quando regressou a Lisboa, entrou num sarau, recitando o Camões de Palmeirim, sendo entusiasticamente aplaudido (1846). Data dessa época o prestígio do grande artista que tanto honrou a cena dramática.
 
Escriturado para o Teatro de D. Maria ali representou todo o seu reportório que é enorme.
 
Rosa foi sempre um grande artista dominando os públicos pelas suas brilhantes qualidades.
 
Ainda ninguém fez como ele o Romeiro do Frei Luís de Sousa, como ninguém o excedeu no Fidalgo pobre em que era admirável.
 
Indo a Paris subsidiado pelo Governo para aperfeiçoar-se na arte de representar, ali conviveu com os mais ilustres artistas da casa de Molière.
 
Rosa, diz um biógrafo, não era só um grande ator, era também um excelente ensaiador e o seu gosto e os seus conhecimentos artísticos e históricos ( que os tinha em alto grau) faziam em que fosse inexcedível em montar uma peça.
 
Artista consumado, pintor e escultor notável como o provam algumas obras que deixou, entre outras, o Busto de Garrett que se acha no Teatro de D. Maria, eram várias, porém, as suas aptidões.
 
Assim, uma vez lembrou-se de estudar a questão do calçado inventando um calçado impermeável, empregando uns poucos de anos na tarefa de fazer adotar esse calçado pelo exército. Por essa ocasião estabeleceu na capital um armazém de calçado.
 
O ilustre artista era condecorado com a Comenda de Santiago.

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